terça-feira, 22 de março de 2011

USANDO DEUS PARA DIFUNDIR O ÓDIO por Ramon Alves

No primeiro turno, diante da diferenciação dos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Lula (PT), a tendência era de uma vitória elástica da candidata do PT, Dilma Roussef, sobre os demais adversários. José Serra, que largou na frente na disputa, viu sua vantagem cair vertiginosamente diante de uma candidata preparada, afinada com o Brasil e com a maioria dos brasileiros. A oposição, para não sumir nos estados, teve que esconder seu candidato a presidente porque não tinha discurso que permitisse apresentá-lo aos eleitores.

O que a maioria não esperava é que a campanha do candidato do PSDB fosse aos mais baixos níveis no debate eleitoral na história do Brasil. Nunca se usou tanto o nome de Deus e de demais símbolos religiosos para promover o ódio, a divisão e o rancor. Concretamente, o que existe é uma elite que está se utilizando de todas as armas, ocultas ou não, para promover a campanha da mentira e da enganação.

Essa gente, herdeira da escravidão, da ditadura e do obstáculo às mudanças progressistas no país, não consegue mais esconder suas diversas faces. A campanha sórdida contra Dilma, ofendendo-a em sua condição humana e de gênero, é a expressão máxima de uma elite que não aceitou ver um trabalhador e sindicalista ocupando a presidência do Brasil, que não tolera a inclusão dos negros nas universidades públicas e que, agora, ataca sistematicamente a candidata Dilma por ser uma mulher ousada e corajosa na defesa do Brasil.

Enquanto a candidata do PT vem recebendo apoio público de amplos segmentos da sociedade, como estudantes, artistas, intelectuais, esportistas e trabalhadores dos mais diversos ramos, José Serra parte para a calúnia como forma de impulsionar a sua candidatura. Desnorteado sobre a discussão de Brasil, joga toda suas fichas na divulgação de notícias e informações inverídicas, constituindo uma central de boatarias nunca antes vista no país.

A guerra de e-mails na internet cria uma situação simbólica sobre cada campanha. Enquanto aqueles que defendem Serra limitam-se à discussão do aborto e a afirmações artificialmente produzidas como se fossem ditas por Dilma – que, diga-se de passagem, não se comprova por meio de qualquer vídeo ou áudio, somente por textos assinados por pessoas inexistentes -, aqueles que estão com a candidata do presidente Lula expressam-se geralmente por meio de dados comparativos, manifestações públicas de apoio dos mais diversos segmentos e através de vídeos em que José Serra contradiz-se constantemente.

O fundo do poço para o PSDB não tem limite. A recente incursão do partido nos bairros mais pobres do Nordeste, por meio de panfletos apelando à religião e ao preconceito, é a maior prova de que, para eles, a tese “os fins justificam os meios” está mais atual do que nunca. Eles querem dividir o eleitor que vê a sua vida mudando através de programas sociais que Serra e FHC nunca se preocuparam em fazer – como o Minha Casa, Minha Vida, bolsa família, luz para todos, dentre outros.

O candidato tucano aposta em desviar a atenção dos setores mais carentes da população para outros temas porque se defender os seus 8 anos de parceria com Fernando Henrique, será amplamente rejeitado. A campanha baixa esconde que a desigualdade social e a concentração de renda aumentaram significativamente durante o período de 94 a 2002, tornando nosso país um dos mais injustos. Omite que vivíamos um momento de elevado desemprego e mesmo os que trabalhavam viam seu poder de compra cair gradativamente.

Omitem, principalmente, o seu ódio contra a redução das disparidades entre ricos e pobres. Não aceitam um Brasil mais acessível a todos, da escola à universidade, do carro à casa própria, do respeito e inclusão de mulheres e negros, das políticas específicas para a juventude. Um país que, depois de séculos, começa a oferecer oportunidades a todos os seus filhos.

Mesmo com a campanha mais odiosa de todos os tempos, eles não conseguiram inverter a tendência de vitória de Dilma. Até o dia da eleição, mais pessoas vão se convencendo que mesmo o viés da discussão religiosa não pode sugerir o ódio, mas a união.

Existe um limite para usar o nome de Deus na campanha. E esse limite é o de entender que esse debate só pode se encerrar cultivando, valorizando e reproduzindo as melhores qualidades dos seres humanos. Quem divide o Brasil e foi capaz de promover a mais brutal concentração de riquezas da nossa história, não tem moral para usar Deus visando seus fins eleitorais.

Ramon Alves
é Diretor Estadual de Organização da UJS-RN, Servidor Público e ex-Tesoureiro Geral da UBES

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Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaino nos diz "A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la.", seu comentário será muito bem vindo pois suas palavras e são ações concretas embasadas no que o maior filósofo de todos os tempos citou "Mais que conhecer a realidade, é necessário transformá-la" (Karl Marx). A política deste Blog, se da pelas palavras também de Voltaire: "Mesmo não concordando com o que dizes, defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo” e de preferência, AQUI! Muito obrigado e comente! Hasta La Victoria Siempre (Che, Pres. de honra da UBES)

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