sexta-feira, 3 de junho de 2011

A Filosofia da Arte Moderna por Herbert Read

   Galera! Fica aí a dica:

Título original: The Philosophy of Modern Art
Tradução de Maria José Miranda
1ª Edição: Londres, 1952
Editora Ulisseia

Daqui, talvez, a justificação utilitária da leitura da presente obra. Isto é: na medida em que alguns problemas com que a arte moderna se confrontou (da ordem dos factores económicos e movimentos sociais; consequências das primeira e segunda Guerras Mundiais; o protectorado do Estado Mecenas e/ou a ausência dessa circunstância; a filosofia enquanto motivadora e destinatária da actividade criativa e artística; o problema da liberdade do artista perante o significado e natureza da existência; as correlações directas e indirectas entre as tipologias psicossomáticas e as correntes teórico-estéticas; etc.) são exactamente os mesmos e assumem uma correspondência imediata com os da arte contemporânea, embora esta se veja eivada de novos problemas derivados da variedade de suportes e veículos, como na sua estrita funcionalidade, utilidade e recursos técnicos, é igualmente premente e encontra-se em "elevada" actualidade um debate colectivo que insira a arte (pintura, escultura, literatura, fotografia, cinema, etc.) no discurso filosófico, não só para definição e enunciação das diferentes formas de beleza, ou de como ela se processa e manifesta, assuntos em que é prolífera a estética, nem pela confrontação e efeitos dos recursos técnicos disponíveis, campo convencional da crítica, mas sim no sentido de compreender dialecticamente como a evolução do pensamento reverteu a favor, ou a desfavor da arte, do conhecimento e da formação cívica, ou participação democrática e grau de cidadania, na medida em que detonou e disponibilizou novas teorias e conjecturas, conceitos e enquadramentos, a que os artistas recorreram como base de sustentação estrutural e semântica para as suas obras, e ainda recorrem, independentemente dos públicos alvo ou materiais que as suportem, as divulguem ou as elejam nos rankings nominativos para o primeiro quartel deste século (e milénio).
   Paul Gaugin é um caso interessante, pois se trata de um alguém da Era Moderna que alcançou a modernidade pela revolta contra a civilização modernista, partindo para o Pacífico, para o calor e cor exuberantes, para a inocência e ingenuidade do exotismo, de cuja oposição a sua obra é a síntese óbvia e evidente, exemplo nítido de quem substituiu o amor de Deus pelo amor da Beleza, numa entrega total e missionária à arte, despojando-se assim de tudo quanto lhe era alheio, como as condicionantes familiares, económicas, religiosas e consumistas, que poderiam sustentá-la (ou absorvê-la).
   Como dizia Pablo Picasso (Ensaio VIII), "todos sabemos que a arte não é verdade", "é uma ficção que nos permite reconhecer a verdade – pelo menos a verdade como se apresenta à nossa compreensão." E isso comportou a inteireza da subjectividade relativamente acentuada da arte moderna: conforme o artista entendia o mundo, e a vida, assim os representava. Apetrechado de todos os conhecimentos teóricos e científicos da primeira metade do século passado, como bagagem de recurso, enfrentava a vida e extraía dela a sua sobrevivência, bem como a sua maneira muito peculiar de a redefinir. Simbolismo, cubismo, surrealismo, naturalismo, integralismo, expressionismo, impressionismo, neo-realismo, foram tão-só alguns exemplos dessa maneira de representação e dessa visão da vida, digamos filosofia, que por tantos outros personagens e interpretes dela se realizou, e nelas se acorrentaram, dos quais Paul Gaugin, Pablo Picasso, Paul Klee, Paul Nash, Henry Moore, Bem Nicholson, etc.
  Para fechar a postagem consideramos então Herbert Read um filósofo modernista, uma vez que está vocacionado, motivado, para apresentar uma visão da totalidade real fundamentada em "colagens" das diferentes disciplinas sociais e humanas da época, nomeadamente sociologia, antropologia, semiótica, literatura, economia, fisiologia, política, artes plásticas, por exemplo, e sem, com especificidade, em nenhuma delas se basear profundamente para analisar o produto artístico, detendo-se sobremaneira na sua interpretação.

Recomendo também acesso ao Blog: http://www.escribalistas.blogspot.com/

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